Retrofit é inédito no Brasil e faz parte do projeto de revitalização do centro antigo da capital pernambucana
Um conjunto de silos de concreto armado, usados para armazenar açúcar e trigo na antiga região portuária de Recife-PE, será transformado em prédios residenciais com 1 e 2 quartos. O projeto foi anunciado em 2021 e as obras terão o pico de produtividade em 2022. Trata-se de um empreendimento inédito no Brasil, mas que já é realidade em outros países. Em Copenhague, na Dinamarca, e Cidade do Cabo, na África do Sul, silos foram transformados em hotéis. O retrofit em silos localizados no centro antigo de Recife-PE tem à frente a construtora pernambucana Moura Dubeux. A obra faz parte de um amplo projeto de revitalização da área portuária da capital de Pernambuco. “O moinho tem mais de 100 anos e será transformado em um projeto de apartamentos compactos no centro de Recife, com 251 unidades”, revela Diego Villar, CEO da Moura Dubeux.
O projeto foi batizado de “Residenciais do Moinho”. No mesmo local em que estão os silos, outro grupo de construtoras vai utilizar antigos prédios administrativos do moinho desativado para transformá-los em edifícios corporativos e edifícios-garagem. A ideia de aproximar moradia e local de trabalho será a primeira experiência de Recife-PE com o conceito “cidade de 15 minutos”. O projeto propõe que todos os serviços essenciais para os moradores estejam a uma distância de 15 minutos de caminhada.
Açúcar e trigo armazenados nos silos ajudaram estruturas de concreto a ficarem “blindadas” de patologias Da área total do projeto, 10 mil m² serão de construção residencial. A construtora Moura Dubeux estima um investimento de 70 milhões de reais e o cronograma prevê que a execução se dará em 3 anos, ou seja, as obras serão entregues em 2024. Segundo o arquiteto e urbanista João Bakker, gerente de incorporação da Moura Dubeux, o projeto vai atender exigências da construção sustentável.
Como os silos são ocos, mas estão com as estruturas das paredes bem conservadas, a engenharia vai reforçá-los com lajes pré-moldadas de concreto e aço e depois abrir os espaços para as janelas e varandas. Ensaios realizados por pesquisadores da escola de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco sugerem que o armazenamento de açúcar e trigo nos silos ajudaram as construções a ficarem “blindadas” de patologias como as reações álcali-agregados (RAA) – comum em edificações à beira-mar na capital pernambucana.
O público-alvo das edificações está na faixa de 25 anos a 40 anos. São os trabalhadores que atuam no Porto Digital, parque tecnológico com foco em negócios de tecnologia da informação e economia criativa. Os apartamentos terão de 20 m2 a cerca de 70 m2, com comercialização entre 180 mil reais e 500 mil reais.
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