Grande aposta para recuperar uma área dotada com infraestrutura, mas degradada ao longo das décadas, o projeto Porto Maravilha se expandiu rapidamente. Entre 2010 e 2016, a Orla Conde foi reurbanizada em um projeto de requalificação com investimentos públicos, privados e em parceria com ambos, como o Museu de Arte do Rio, o Museu do Amanhã e o AquaRio, e intervenções que incluíram a derrubada do Elevado da Perimetral e a implantação de um novo sistema viário na cidade. No entanto, a ideia de repovoar a região com milhares de novas moradias ficou em suspenso com a crise econômica. A situação parece ter começado a mudar, apesar da pandemia da Covid-19.
Dados da Companhia de Desenvolvimento Urbano (Cdurp) contam seis projetos residenciais aprovados na região no ano passado. A previsão é que até 2025 a área ganhe 4.388 residências novas. Os cerca de 30 mil moradores ganhariam mais de 12 mil vizinhos, segundo estimativas da empresa.
A retomada do Porto coincide também com os primeiros lançamentos do programa Reviver Centro, que propõe incentivos fiscais e urbanísticos para investidores interessados em converter escritórios em moradias. Um deles prevê a conversão de parte antigo prédio da Mesbla no Passeio Público em residencial. O presidente da Cdurp, Gustavo Guerrante, diz que os dois projetos se complementam:
— No Centro, a vocação é maior para o retrofit de prédios. No Porto Maravilha, a área tem virado opção para investidores que, antes, se interessavam, principalmente, por construir na Zona Norte e na Zona Oeste. E o local oferece atrativos como maior opção de lazer e facilidade de transportes com serviços como o VLT que também será integrado com o BRT Transbrasil (ainda em construção) em um terminal próximo à Rodoviária.
Dos seis empreendimentos, o primeiro a ser lançado foi o Rio Wonder Residence com 1.224 unidades, em um terreno de 14,3 mil metros quadrados, entre a rua geógrafo Milton Santos e Praça Marechal Hermes (próximo à Rodoviária Novo Rio Responsável pelo projeto, a construtora Cury tem mais dois projetos licenciado na área que somam mais 1,6 mil apartamentos). Há ainda o projeto de um prédio com 1.550 apartamentos e outros dois lançamentos menores que totalizam 14 unidades:- Nós conseguimos vender 100% dos apartamentos do Rio Wonder.
— Foi uma grata surpresa. Isso se explica por ser uma área com boa infraestrutura e muitas opções de lazer. No último dia 7, lançamos as outras 800 das 1,6 mil unidades que já aprovamos. A previsão é que os apartamentos sejam vendidos em preços que variam de R$ 250 mil a R$ 550 mil — diz o vice-presidente comercial da construtora, Leonardo Mesquita.
Mas ainda há problemas. E muitos. A recuperação da Zona Portuária é financiada por um mecanismo conhecido como Operação Urbana Consorciada. Por esse recurso, os investimentos para infraestrutura na área seriam financiadas com a venda de uma espécie de título conhecido como Certificado de Potencial de Adicional Construtivo (Cpacs). Nesse modelo, a prefeitura estabeleceu parâmetros urbanísticos básicos. Para construir prédios de até 50 andares (em algumas áreas do projeto), o investidor teria que adquirir Cepacs. Esses recursos captados são usados tanto na urbanização quanto na manutenção dos espaços. As Cepacs foram integralmente arrematadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) que criou um Fundo Imobiliário para negociá-las.
No entanto, desde 2018, com a retração do mercado, a PPP está suspensa por falta de liquidez (não há recursos para continuar com novos investimentos). Das 6.436.722 Cepacs oferecidas no mercado, 5.861.833 (91,07%) não foram vendidas até setembro, segundo o último balanço publicado pela Cdurp. As obras de urbanização e infraestrutura , que priorizaram nos primeiros anos as principais vias da região, estão com 53,5% e 57,5%, do que era previsto, respectivamente. Sem liquidez, a prefeitura teve que reassumir a conservação das vias, inclusive do Túnel Marcello Alencar. Este mês, a área ganhou um contrato específico para manutençãi dos equipamentos.
A Cdurp informou ainda não haver prazo para a retomada do projeto Porto Vida Residencial, que seria o primeiro residencial da região. O empreendimento chegou a entrarem obras omo parte de um plano para que o local fosse a Vila dos Árbitros da Olimpíada de 2016. A ideia inicial era priorizar a venda para servidores da própria prefeitura. Mas não houve interessados para as cerca de 1,2 mil unidades que seriam tocadas pela Odebrecht e a Carioca Engenharia.
Fonte: https://informediario.com.br/2022/01/28/porto-maravilha-vai-ganhar-mais-de-12-mil-moradores-nos-proximos-tres-anos/
Comments